Entenda se financiar um apartamento que ainda está na planta é um bom negócio.
A possibilidade de dar uma entrada em um imóvel na planta é um atrativo, sobretudo para as pessoas que estão no início da vida financeira e para quem não tem dinheiro para pagar à vista.
Nesta modalidade, basicamente, o comprador ajuda a incorporadora a financiar as despesas da construção.
Um terço do valor total pode ser financiado no decorrer da obra — que geralmente dura em torno de três anos. Isso significa que se o valor total do apartamento for R$ 450 mil, por exemplo, você terá que dar R$ 150 mil de entrada. Dessa forma, terá um saldo devedor de R$ 300 mil, que deverá ser pago somente após a entrega das chaves.
O valor de entrada será dividido, além das parcelas mensais, em taxas intermediárias, que — a depender do contrato — podem ser trimestrais, semestrais ou anuais.
Ademais, há ainda uma última taxa na entrega das chaves.
Comprar na planta realmente sai mais barato?
A verdade é que não há uma regra geral que possa responder essa pergunta. Não é o bastante, por exemplo, pegar o valor médio do metro quadrado na sua cidade e comparar com o valor que o empreendimento está oferecendo. Não há uma conta padrão a ser feita.
“Na planta, pode sair mais barato ou mais caro, vai variar muito do quanto você tem para dar de entrada, quanto tempo vai financiar e as ofertas no mercado.” declarou o gerente de consultoria financeira da W1, Vinicius Pina Urbani.
De acordo com ele, em tempos de crise, é perfeitamente possível encontrar apartamentos com menos de 10 anos de uso sendo vendidos por preços bem abaixo do mercado — o que seria bastante vantajoso.
Em outras situações, também há como encontrar apartamentos recém-lançados em que o proprietário não consegue mais arcar com as parcelas e acaba sendo obrigado a vender por um preço menor do que o inicial.
Portanto, para saber se comprar na planta realmente é mais barato, é preciso avaliar cada caso específico individualmente.
Vantagens e desvantagens de apartamento na planta
Veja, a seguir, as principais vantagens e desvantagens de adquirir um apartamento ainda na planta.
Vantagens
- Entrada parcelada: quando o apartamento já está pronto, normalmente é necessário pagar de 20% a 30% à vista. Na planta, esse valor é dividido pelo tempo de construção;
- Possibilidade de modelar o apartamento do seu jeito: você pode mudar azulejos, portas, pias e revestimento durante a obra;
- Negociação: você pode barganhar melhores condições de preço e pagamento, escolher o andar que deseja ou, por exemplo, pagar mais ou menos pela vista;
- Valorização: embora haja uma garantia de valorização do apartamento, mas é bem possível que sim.
Desvantagens
- Possibilidade de não receber o imóvel: a construtora pode falir e, apesar de o contrato prever a entrega, caso isso aconteça, pode haver disputa judicial por anos;
- Diferente do anunciado: os apartamentos na planta são apresentados em salas simuladas ou maquetes, entretanto, uma das principais reclamações é o resultado final, que por vezes é bem diferente do prometido;
- Valor maior: os reajustes fazem o valor da parcela aumentar;
- Mais tempo de pagamento: estima-se de doze a trinta anos pagando após a entrega do apartamento.
Sempre há o risco de não receber o apartamento
Com apartamentos na planta, há sempre o risco de não receber o apartamento e enfrentar um processo judicial demorado caso a incorporadora ou construtora quebre no meio da construção.
“Na prática, você ainda está comprando nada, ainda não existe um bem. Você adianta o valor para a empreiteira construir e, só quando estiver pronto, é que você faz o contrato de compra e venda efetivo”, afirmou o advogado especialista em direito imobiliário, Marcelo Tadai.
Ele diz ainda que a Lei da Incorporação nº 4.591/64 protege o comprador, no entanto, se a construtora entra em processo de recuperação judicial e não consegue prosseguir com a obra, o comprador acaba sendo prejudicado.
Olhar somente o valor da parcela é o principal erro
A maioria das pessoas pensa somente no valor da parcela inicial, sem considerar o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), que é uma taxa calculada todo mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para calcular o aumento dos custos dos insumos usados nas construções habitacionais.
O INCC é utilizado para corrigir as parcelas impostas nos contratos de compra de imóveis ainda em fase de construção.
Exemplificando: em uma parcela inicial de R$ 1.100 por mês, após 2 anos, com o aumento do INCC, a prestação estará maior que os R$ 1.100 iniciais.
No entanto, o comprador continua podendo pagar somente esse valor, o que acaba complicando a sua vida financeira. Isso, em casos extremos, pode até mesmo obrigar o comprador a repassar o imóvel.
Portanto, é importante considerar a variação do valor da parcela antes de fechar o negócio.